Vida e Obra Visual de Camille Flammarion
“(...) Porque,
meus Senhores, o Espiritismo não é uma religião,mas uma ciência, da qual apenas
conhecemos o abecê.
Passou o tempo
dos dogmas.
A Natureza
abrange o Universo, e o próprio Deus, feito outrora à imagem do homem, a
moderna Metafísica não o pode considerar senão como um espírito na Natureza.
O sobrenatural
não existe.
As
manifestações obtidas com o auxílio dos médiuns, como as do magnetismo e do
sonambulismo, são de ordem natural e devem ser severamente submetidas à
verificação da experiência.
Não há
milagres.
Assistimos ao
alvorecer de uma ciência desconhecida.”
"O comitê me ofereceu suceder a Allan Kardec como presidente da
Sociedade Espírita. Eu recusei, dizendo que nove décimos dos seus discípulos
continuariam a ver, durante muito tempo ainda, uma religião mais que uma
ciência, e que a identidade dos "espíritos" estava longe ainda de ser
provada." (FLAMMARION, 1911. p. 498)
"Há espíritas de uma fé cega, que estão certos
de estar em comunicação com os espíritos. Não há argumentação entre eles. Estes
não me perdoam de não partilhar de forma alguma de suas certezas, que se tornam
crenças religiosas em suas casas. Mas há entre estes, outros que compreendem
que apenas o método científico nos pode conduzir ao conhecimento da verdade.
Estes se tornaram meus amigos" (FLAMMARION, 1911. p. 239).
A
médium italiana Eusápia Paladino faz levitar uma mesa sob os olhares
investigativos de Camille Flamarion e Charles Richet (dia 25 de novembro)
As conclusões adquiridas:
1° - A alma existe como ente real, independente do corpo.
2° - Ela é dotada de faculdades ainda desconhecidas para
a Ciência.
3° - Pode agir à distância, telepaticamente, sem
intervenção dos sentidos.
4° - Existe na Natureza um elemento psíquico em
atividade, cuja essência ainda permanece oculta para nós.
Hoje podemos acrescentar:
5° - A alma sobrevive ao organismo físico e pode
manifestar-se depois da morte.
O próprio Léon Denis, quando convidado por Jean
Meyer para ser presidente do III Congresso Espírita Internacional (Paris-1925),
recusou, tendo como certo que Flammarion o seria. Foi necessário que o espírito
Jerônimo lhe dissesse, sem explicar, que ele não estaria lá. Flammarion
certamente estaria, se não fosse colhido pela visita da morte.
Ao conversar, em
3 de junho de 1925, com sua esposa Gabrielle sobre os planos da viagem que
deveriam fazer ao Haute-Marne, ela lhe disse que gostaria de fotografá-lo na
sua humilde casa natal, onde ela o imaginava brincando há 83 anos.
Flammarion lhe
diria: "Seu sonho é irrealizável, pois eu jamais brinquei... mesmo na
minha mais recuada infância”.
Na realidade,
toda sua vida, se divertir era trabalhar e trabalhar era se divertir.
Na tarde desse
dia, na biblioteca, após rever provas de seu livro “A MORTE E SEU MISTÉRIO”,
Flammarion morreu nos braços de Gabrielle, a quem na manhã ensolarada deste dia
ao visitar os jardins do Observatório, onde a vida irradiava nas flores e nos
cantos dos pássaros, disse:
"Que mistério é a vida... que mistério é a
morte...”
Flammarion foi enterrado nos jardins do Observatório de Juvisy.
Todos os anos na data do seu desencarne, membros da Sociedade Astronômica da França reúnem-se à volta de seu túmulo para reverenciar sua memória e os ensinamentos legados a todos os que cultuam a ciência do céu. Flammarion é sem dúvida alguma o astrônomo que mais despertou mentalidades voltadas a Astronomia.
Hannes Alfvén relata, que o mundo da astronomia entrou em sua vida desde garotinho quando iniciara a leitura da obra Astronomia Popular de Flammarion.
É de Flammarion o epíteto tão difundido de Allan Kardec, “o bom-senso encarnado”.
Camille Flammarion, segundo Gabriel Delanne, foi um filósofo enxertado em sábio, possuindo a arte da ciência e a ciência da arte. Flammarion - “poeta dos Céus”, como o denominava Michelet - tornou-se baluarte do Espiritismo, pois, sempre coerente com suas convicções inabaláveis, foi um verdadeiro idealista e inovador.
Dos colaboradores de Kardec, Camille Flammarion foi
o que mais valorizou a construção do conhecimento espírita a partir da
metodologia empírica e positivista. Como conseqüência desta sua postura ele
passou anos de sua vida buscando fatos, sobre os quais construiu a convicção na
imortalidade da alma, na comunicabilidade dos espíritos e na existência de
faculdades extra-sensoriais nos homens, o que frutificou-se na Metapsíquica de
Richet e posteriormente na Parapsicologia de Rhine.
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