EM NOME DA FÉ, O MASSACRE DE UM POVO REENCARNACIONISTA, OS CÁTAROS
Nos meados do século XII, iniciou-se na Itália um movimento religioso denominado Cátarismo (Albigenses), a doutrina dos cátaros era nitidamente diferente da Igreja Católica, numa reação à Igreja Católica e suas práticas, como a venda de indulgências, e a soberba vida dos padres e bispos da época.
“Cátaros” e “Albigense”, eram essencialmente nomes genéricos. Em outras palavras, eles não se constituíam em uma única igreja coerente, como a de Roma, com uma codificada e definitivo corpo fixo de doutrina e teologia. Os cátaros admitiam a doutrina da reencarnação e ao reconhecimento do princípio feminino em religião. Os pregadores e professores das congregações cátaros eram de ambos os sexos. Ao mesmo tempo os cátaros rejeitaram a ortodoxia da Igreja Católica e negaram a validade de todas as hierarquias clericais, e todos os oficiais ordenados intercessores entre Deus e o homem. No cerne desta posição estabeleceram uma importante doutrina cátara de repúdio a “fé” católica… os cátaros insistiam no conhecimento direto e pessoal, uma religiosidade ou mística apreendida na experiência em primeira mão. Esta experiência tem sido chamado de gnose , da palavra grega para “conhecimento” e para os cátaros tomou precedência sobre todos os credos e dogmas. Dada tal ênfase no contato pessoal e direto com Deus, sacerdotes, bispos e outras autoridades eclesiásticas se tornaram supérflua.
Com medo da repressão da Igreja, os Cátaros mantiveram sua fé em segredo, porém em pouco tempo esta seita atraiu muitos seguidores. Cresceram bastante no sul da França e se estenderam a região do Flandres e da Catalunha, funcionaram abertamente com a proteção dos poderosos senhores feudais, capazes de desafiar até mesmo o Papa. O chamado “País Cátaro” se estendia pela atual Languedoc, em uma extensão fronteiriça com Toulouse até o oeste, nos Pirineus até o sul, e no Mediterrâneo até o leste.
§§§
A Inquisição surgiu de um esforço
pelo Papa Inocêncio III para acabar com a grande seita herética no sul da
França, conhecido como os “albigenses”. Inocêncio III apelou a uma cruzada
particular em 1209 para entrar em França e acabar com a seita. A guerra de
cinco anos, que se seguiu, devastou a região. Dez anos depois, um novo
Papa, Gregório IX, continuou a ação. Ele colocou os dominicanos
encarregados de investigar os albigenses. Gregório IX deu a Ordem
Dominicana plenos poderes legais para nomear e condenar todos os hereges sobreviventes.
A Cruzada Albigesa (devido à
cidade de Albi), comandadada por Simon de Montfort (1209 – 1224) e pelo Rei
Luis VIII (1226-1229) durou 40 anos, de 1204 a 1244.
Na primeira fase da
cruzada, foi destruída a cidade de Béziers (1209)
Igreja de Santa Maria Madalena
“Os cruzados não mostravam
clemência. Mulheres e crianças amontoaram-se na igreja de Santa Maria Madalena,
na parte alta da cidade”, escreve o historiador canadense Stephen O’Shea em A
Heresia dos Cátaros. “Deveriam ter sido à volta de mil, um cálculo baseado na
capacidade da igreja. Fossem quantos fossem, a igreja estava apinhada de
aterrorizados católicos e cátaros quando os cruzados derrubaram os portões
e massacraram todos os que ali se encontravam”, completa. Em 1840, durante uma
reforma do templo, várias ossadas foram descobertas sob o piso.
Destruída a cidade, os cruzados
marcham para Carcassone, onde Simon de Montfort se apossa dos condados de
Trencavel (carcassone, Béziers), conquistando também Alzonne, Franjeaux,
Castres, Mirepoix, Pamiera e Albi. Estima-se que 60.000 pessoas morreram nesta
primeira fase.
Carcassone
Em 1216, ouve outra investida
contra os cátaros. Simon morre em 1218, acabando também a cruzada, sem,
entretanto, extinguir a heresia.
Em 1224 Luís VIII liderando os
barões do norte, empreendeu uma nova cruzada que durou cerca de três anos
alcançando muitas conquistas até chegar a Avignon, onde termina o cerco contra
os hereges.
O resultado dessa disputa foi um
acordo imposto pelo rei da França aos Senhores feudais das áreas conquistadas e consequentemente os domínios disputados passariam para a coroa da França
(Tratado de Meaux, 1229).
§§§
Foi a Inquisição, a instituição
que realmente conseguiu exterminar definitivamente o catarismo. No chamado
País Cátaro viviam outras pessoas cuja religião era o catolicismo. Perguntado
sobre como distinguir entre os hereges e os outros, o legado papal (inquisidor)
respondeu:
§§§
A última ação militar contra os cátaros foi o cerco a Montségur, em 1243. Naquela época, a Inquisição já havia provado sua eficácia para eliminar seletivamente os hereges. Depois das condenações nos tribunais inquisitórios, a Igreja usava o “fogo purificador”: de acordo com o discurso oficial, a morte na fogueira seria a única forma de salvar as almas dos cátaros.
Comentários
Postar um comentário