ESPIRITISMO E O ISLAMISMO - PARTE 1
Mesquita em Istambul, Turquia

Maomé
e o Islamismo
Algumas vezes, sobre os homens e as coisas, há opiniões
que se acreditam e passam ao estado de coisas aceitas, por mais errôneas que
sejam, porque se acha mais fácil as aceitar completamente acabadas.
Assim
acontece com Maomé e sua religião, da qual quase que só se conhece o lado
legendário. Além disso, o antagonismo das crenças quer por espírito de partido,
quer por ignorância, empenhou-se em fazer ressaltar os pontos mais acessíveis à
crítica, muitas vezes deixando intencionalmente na sombra as partes mais
favoráveis. Quanto ao público imparcial e desinteressado, é preciso dizer em
sua defesa que faltaram elementos indispensáveis para julgar por si mesmo. As
obras que o poderiam ter esclarecido, escritas numa linguagem apenas conhecida
de alguns cientistas, eram-lhe inacessíveis; e como, em última análise, não
havia para ele nenhum interesse direto, acreditou sob palavra naquilo que lhe
diziam, sem perguntar mais. Disto resultou que sobre o fundador do islamismo se
fizeram ideias muitas vezes falsas ou ridículas, baseadas em preconceitos, que
não encontravam nenhum corretivo na discussão.
Os trabalhos perseverantes e conscienciosos de
alguns sábios orientalistas modernos, tais como Caussin de Perceval, na França,
o doutor W. Muir, na Inglaterra, G. Weil e Sprenger, na Alemanha, hoje permitem
encarar a questão sob sua verdadeira luz. Graças a eles, Maomé nos aparece completamente diverso dos contos
populares. O lugar considerável que sua religião ocupa na Humanidade e sua
influência política hoje fazem deste estudo uma necessidade. Durante muito
tempo a diversidade das religiões foi uma das principais causas de antagonismo
entre os povos. No momento em que elas têm uma tendência manifesta para se aproximarem,
fazendo desaparecerem as barreiras que as separam, é útil conhecer, em suas
crenças, o que pode favorecer ou retardar a aplicação do grande princípio de
fraternidade universal. De todas as religiões, o islamismo é a que, à primeira
vista, parece encerrar os maiores obstáculos a essa aproximação. Desse ponto de
vista, como se vê, o assunto não poderia ser indiferente aos espíritas, razão
pela qual julgamos dever tratá-lo aqui.
Caussin de Perceval W. Muir
Sempre se julga mal uma religião quando se toma como ponto de partida
exclusivo suas crenças pessoais, porque então é difícil justificar-se um
sentimento de parcialidade na apreciação dos princípios. Para lhe compreender o
forte e o fraco é preciso vê-la de um ponto de vista mais elevado, abarcar o
conjunto de suas causas e de seus efeitos. Se nos reportarmos ao meio onde ela surgiu,
aí encontraremos quase sempre, se não uma justificativa completa, ao menos uma
razão de ser. É necessário, sobretudo, penetrar-se do pensamento inicial do
fundador e dos motivos que o guiaram. Longe de nós a intenção de absolver Maomé
de todas as suas faltas, nem sua religião de todos os erros que chocam o mais vulgar
bom-senso.
Mundo islâmico, por porcentagem da população (Pew Research Center, 2014)
Mas a bem da verdade devemos dizer que também seria pouco lógico
julgar essa religião conforme o que dela fez o fanatismo, como o seria julgar o
Cristianismo segundo a maneira por que alguns cristãos o praticam. É bem certo
que, se os muçulmanos seguissem em espírito o Alcorão, que o Profeta lhes deu
por guia, seriam, sob muitos aspectos, completamente diferentes do que são.
Entretanto esse livro, apesar de tão sagrado para eles, que só o tocam com
respeito, que o leem e releem sem cessar, que até o sabem de cor os mais
fervorosos, quantos o compreendem? Comentam-no, mas do ponto de vista das
ideias preconcebidas, de cujo afastamento fariam um caso de consciência, aí não
vendo, portanto, senão o que querem ver. Aliás, a linguagem figurada permite aí
encontrar tudo o que se quer, e os sacerdotes, que lá como alhures, governam
pela fé cega, não buscam descobrir o que lhes pudesse embaraçar.
Não é, pois,
junto aos doutores da lei que se deve inquirir do espírito da lei de Maomé.
Os
cristãos também têm o Evangelho, muito mais explícito que o Alcorão, como
código de moral, o que não impede que em nome desse mesmo Evangelho, que manda
amar até os inimigos, tenham torturado e queimado milhares de vítimas, e que de
uma lei toda de caridade tenham feito uma arma de intolerância e de
perseguição.
A Inquisição e as cruzadas são exemplos da intolerância religiosa em nome da religião.
FILME
Terrorismo em Nova Iorque – Uma História de Intolerância, Preconceito, Ignorância
Magnífica sequência do terrorista e Hadji Gumus, um respeitado
acadêmico líder religioso de origem muçulmana.
Hadji Gumus
DOWNLOAD ALCORÃO
REFERÊNCIAS:
Revista Espírita de 1866 - http://www.febnet.org.br/blog/geral/pesquisas/downloads-material-completo/
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